domingo, 3 de março de 2013

BOM, BONITO E BARATO


Idenilton Barbosa*


Devido à sua complexidade o exercício da vida é repleto de polissemias e damos diferentes sentidos aos termos. Assim, muitas vezes, até palavras que parecem ter um significado óbvio, precisam ser redefinidas ou questionadas em sua aplicabilidade. Muitas vezes os significados passam a ser relativizados e impõe-se a necessidade de rediscuti-los, com o desafio de procurar perceber a sua essência.



Em tecnologia digital isto é perfeitamente perceptível. O que vem a ser, por exemplo, um bom software para computadores? O que é bom deve ser mantido sob segredo ou deve ser compartilhado? Qual a importância da acessibilidade econômica para a inclusão digital? Que preço deve ser pago pela beleza da aparência dos ambientes digitais? O bom, o bonito e o barato ganham novas nuances na discussão a respeito da disponibilidade e do franqueamento de programas de computador.

É sabido que durante muito tempo e, em alguns círculos, até hoje, essa questão esteve envolta em uma nuvem de ignorância e preconceito. Qualquer software que não fosse um programa proprietário era visto com maus olhos e como sinônimo de ineficiência, limitação, complexidade. Quando pela primeira primeira vez ouvi falar do Linux, por exemplo, por volta de 2002, deixaram-me a impressão de que tratava-se de um programa de difícil operação, o que, principalmente para mim, praticamente um iniciante em relação às tecnologias da informação, representou motivo suficiente para me manter longe dele. Uma breve aula sobre software livre, entretanto, é suficiente para desfazer esse mito.


Primeiramente, considerando os seus aspectos político e econômico. Os chamados programas proprietários estão nitidamente a serviço da concepção neo-liberal predominante, considerando que, sob a concepção de defesa da propriedade individual, tratam as tecnologias da informação como se somente as grandes multinacionais das TIC's, elas mesmas que dominam o setor, tivessem direito a explorá-las, a não ser que outros interessados paguem para utilizarem-nas. Isto, evidentemente, restringe o acesso àqueles que são detentores do capital. Enquanto que os softwares livres não são necessariamente pagos, o que possibilita o acesso de mais pessoas a esses programas e aplicativos.

Em segundo lugar, e é o aspecto que melhor justifica a designação "livre", os softwares alternativos podem ser executados, modificados de acordo com os interesse e necessidades do usuário e redistribuídos indefinidamente. Trata-se da democratização da informação, mormente por não existir a exigência de quem quer que seja de se explicitar os motivos para a sua execução. Além disso, este aspecto demonstra a versatilidade e flexibilidade de um programa assim. As mudanças, além de não serem impedidas, não precisarão ser autorizadas, nem cobradas. Dependerão apenas da capacidade e da criatividade dos programadores.

Por fim, saindo da esfera da programação, as alterações feitas nos programas estão à disposição da comunidade para que esta usufrua dos seus benefícios, sem precisar limitar-se a um único programa. E, o que é melhor, é possível saber o destino dos dados compartilhados e a utilização que está sendo feita dos mesmos, o que representa maior segurança. Em termos de software, bom, bonito e barato, é aquele que é gratuito, seguro, com desenvolvimento colaborativo, que é resultado do conhecimento compartilhado e que melhor se adapta às necessidades dos programadores e usuários. É o software livre.



* Graduando em Pedagogia pela Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia-UFBA


Um comentário:

  1. Bom, bonito e barato! ameei.. e é isso que um software livre é. O que precisamos é deixar essa cultura preconceituosa e nos permitir! ;)

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